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MAIS UMA DO JOSÉ MORAIS
No passado dia 4 de Outubro, a Árvores de Portugal foi contactada por um morador da Aldeia das Açoteias, Olhos d’Água, Albufeira, o senhor António Mesquita. O motivo do seu contacto era a sua indignação perante a poda drástica de dois plátanos (Platanus orientalis L. var. acerifolia Aiton) do aldeamento, levada a cabo pelos jardineiros da Associação de Proprietários da Aldeia das Açoteias.
Uma das árvores estava irremediavelmente perdida, dada a rolagem levada a cabo, a qual amputou todos os ramos e boa parte do tronco. Desfigurada, perdeu qualquer semelhança com uma árvore, assemelhando-se mais a um totem grotesco, colocado quase à entrada deste aldeamento histórico para a cidade de Albufeira.
A outra árvore, mais perto da piscina, também sofreu cortes drásticos mas foi salva in extremis pelo Senhor Eng.º Rómulo da Silva, também morador neste espaço, que impediu que a acção fosse consumada. Felizmente, a respectiva formação em Agronomia dá-lhe a autoridade suficiente para que a sua opinião técnica seja levada em conta.
Depois de várias diferenças de opinião entre estes moradores e a Associação de Proprietários, o senhor António Mesquita, para além de colocar informação retirada da internet sobre as podas aconselhadas para esta espécie, contactou vários blogues e entidades relacionadas com as árvores e o ambiente, entre eles A Sombra Verde, da responsabilidade do Pedro Santos. Foi deste modo que ficámos a saber desta triste situação, tendo-me então deslocado ao local.
Impressionante!
Querendo obter diferentes opiniões comecei por falar com membros da Direcção da Associação de Proprietários. Na ausência do senhor Presidente (que ocupa este cargo há apenas alguns meses), falei com a senhora Vice-Presidente que, muito amavelmente, me esclareceu alguns pontos. Assim, confirma-se que a intervenção nas árvores foi ordenada pela direcção da Associação, sendo executada pelos jardineiros desta instituição que, usualmente, fazem a manutenção do espaço.
A justificação avançada foi, para o caso do plátano maior e que foi mais mal tratado, o facto de os seus ramos estarem inclinados por cima de uma vivenda e a ramagem, aparentemente, estar “muito pesada”. Relativamente ao plátano da piscina, o que incomoda são as folhas que ininterruptamente caem na água e entopem os filtros. Aparentemente, está prevista a continuação das intervenções neste último plátano (cuja poda foi oportunamente interrompida) e em outras árvores ao redor. Estão também planeadas algumas intervenções nas ramagens de vários pinheiros.
Dada a receptividade da senhora Vice-Presidente, aproveitei para deixar a sugestão de que, no futuro e para próximas acções deste tipo, recorram à opinião de peritos em arboricultura, em vez de seguir o exemplo que se vê pelas ruas dos municípios portugueses.
Segundo os moradores acima referidos, foram ainda avançadas outras justificações para cortar mais árvores, incluindo um pinheiro, com a justificação de que a caruma entope um algeroz. Segundo a sua opinião, vários moradores se mostraram revoltados com esta acção, facto que confirmei pessoalmente em conversa com algumas pessoas residentes neste que é o mais antigo aldeamento turístico do concelho.
Este é um aldeamento cujos preços superam largamente os praticados no resto do concelho. Uma vez que se trata de construção antiga, resta inferir que este facto se deve às condições privilegiadas de arborização que possui, quer oferecida pelos restos do pinhal original, quer pelas árvores entretanto plantadas ao longo dos anos. Destruindo esta mais-valia, qual é o atractivo especial que restará na famosa Aldeia das Açoteias?
A apreciação que fazemos deste caso é simples: uma vez mais são as árvores as responsáveis por todos os nossos problemas. Assim sendo, devem ser elas e sempre elas a pagar o preço do nosso conforto e comodismo ou da falta de vontade de encontrar soluções (aliás sugeridas por alguns moradores). Afirmamos apenas que nos parece, no mínimo, simplista a solução encontrada.
Coloca-se ainda a seguinte questão: porquê, depois de tantos anos e várias intervenções notórias nestas duas árvores, só agora foi imprescindível uma acção tão drástica e destruidora? Não se deverá esquecer que uma intervenção como esta fragiliza gravemente a estrutura da árvore e dos ramos que vierem a crescer, pondo em risco pessoas e bens. Parece, assim, traçada a triste sina deste majestoso ser vivo que, ainda há pouco tempo, protegia os seus vizinhos do escaldante sol do Algarve. Culpada de os seus ramos crescerem e as suas folhas caírem, foi sumariamente julgada e condenada à aviltação e a uma morte prematura.
Por outro lado, defendemos que, caso se provasse que não havia outra solução viável, seria sempre preferível o corte da árvore, em vez do triste espectáculo de a ver transformada num monstro. Acresce ainda a futura insegurança de quantos estiverem sob os seus futuros frágeis ramos. Reafirmamos, contudo, a nossa convicção de que não deverá ser feita qualquer outra intervenção nestes exemplares, sem a opinião de um técnico credenciado em arboricultura, não nos referindo com isto aos jardineiros e técnicos camarários que espalham esta contra-cultura por todo o país.
Chamamos a atenção para esta situação, da mesma forma como poderíamos fazê-lo para uma miríade de casos semelhantes que grassam pelo país fora, para dar um exemplo daquilo que não deve ser feito e que nos propomos ajudar a evitar no futuro, tentando sempre agir de forma pedagógica e construtiva (sempre que não seja possível uma acção preventiva), e não apenas crítica.
Estamos ainda a aguardar o contacto do senhor Presidente, para que possa esclarecer alguns pontos ou apenas dar a sua opinião sobre este assunto. De qualquer forma, convidamo-lo, como a todas as pessoas, a comentar este artigo e, se for o caso, a acrescentar as informações que achar úteis. Da mesma forma, colocamo-nos à disposição da Associação de Proprietários da Aldeia das Açoteias para aquilo que necessitar, dentro das nossas possibilidades e no que refere às árvores do espaço que está incumbida de gerir.
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